quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Síndrome de Asperger e o professor de Educação Física

A Síndrome de Asperger (SA) é uma perturbação neurocomportamental de base genética. Ou seja, por razões genéticas não exatamente detectadas, a pessoa apresenta conflito no desenvolvimento do comportamento e manifesta dificuldade na interação social.

É tida como um tipo específico de autismo, apesar de não ser um consenso esse enquadramento. A principal diferença em relação ao autismo clássico é que a pessoa com SA é mais inteligente e não apresenta atraso significativo no desenvolvimento da mecânica da linguagem.

Como característica da síndrome, o individuo tem dificuldade para processar e expressar emoções e interagir socialmente.  É rotineiro e apresenta comportamentos estereotipados, mas, diferentemente do autismo tradicional, na SA os sintomas estão associados ao desenvolvimento normal ou elevados da parte cognitiva. Possuem perturbação na comunicação não verbal, acarretando na interpretação muito literal da linguagem, com dificuldade para compreender palavras no sentido figurado.

O sujeito apresenta padrões repetitivos no comportamento e interesses centrados em atividades específicas, muitas vezes ligadas ao aspecto cognitivo, como memorização ou matemática. Trata-se de uma forma de fuga do mundo social para o mundo do seu “eu”.

A pessoa com Síndrome de Asperger pode viver normalmente na sociedade, desempenhando inclusive funções intelectuais.

Trata-se de uma conceituação muito recente. O termo surgiu pela primeira vez em 1981, como homenagem ao psiquiatra austríaco Hans Asper - o primeiro a detectar a síndrome após décadas de pesquisa. O dia 18 de fevereiro é tido como o Dia Internacional da Síndrome de Asperger – data em que nasceu Hans Asper.

Porém, a Síndrome de Aspergersó foi reconhecida oficialmente em 1994, quando publicada no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), principal referência dos profissionais da área da saúde mental.

A SA é também incluída no grupo de Transtornos Globais ou Invasivos do Desenvolvimento (TGD), junto com o Autismo clássico, a Síndrome de Rett e o Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (TGDSOE).

Diferentes pesquisas têm apontado para uma proporção de 1 caso de TGD para cada 160 indivíduos, número bastante elevado, afetando mais pessoas do sexo masculino, na proporção de 4 casos para cada 5 detectados (80%).

O diagnóstico é complicado e impreciso, visto a amplitude das características e critérios de avaliação, baseados em um conjunto de critérios comportamentais e não biológicos. Piorando em indivíduos adultos, que aprendem a controlar os sintomas em situações específicas, como numa consulta.

As pesquisas mais recentes têm apontado que a causa dos quadros dos TGD são multifatoriais ligados a aspectos genéticos e ambientais. Por se tratar de uma síndrome recentemente detectada, pouco se sabe sobre os motivos que a norteiam.

Educação Física e Síndrome de Asperger

A síndrome de Asperger é muito mais comumdo que aparenta ser. Apesar de poucos casos diagnosticados, crianças e adultos com SA existem aos milhares no dia a dia.

A Educação Física pode contribuir de forma decisiva tanto em situações escolares e clínicas, de casos diagnosticados, mas também em casos não diagnosticados, nos quais o professor detecte aspectos comuns à SA, mesmo não se tratando exatamente da síndrome.

Não cabe ao professor de Educação Física diagnosticar nada, ele pode até encaminhar o aluno um psiquiatra, mas sua tarefa central é ajudar o aluno a superar suas dificuldades psicomotoras, partido de suas limitações e possibilidades, independente de existir ou não algum diagnóstico.

Nas aulas de Educação Física o professor deve atentar-se a algumas questões. As instruções devem ser objetivas, nunca palavras no sentido figurado, subjetivas. O foco das atividades deve ser com o objetivo de trabalhar a autoestima e autoconfiança, centrado nas atividades coletivas, de modo a enfatizar a socialização com os colegas.

A SA acaba isolando socialmente a pessoa, que se torna uma pessoa relativamente sedentária isolando-se em casa ou em guetos. A consequência direta é um atraso no desenvolvimento da coordenação motora. O professor de Educação Física deve estar atento a esse aspecto, as aulas devem ter como missão trabalhar esse setor da psicomotricidade, com atividades de coordenação motora.

Com o objetivo de quebrar o aspecto rotineiro originário da síndrome,as aulas devem aos poucos, gradativamente, ir colocando situações imprevistas, obstáculos que trabalhem com o aluno as casualidades, as adversidades que ele encontrará na vida cotidiana, as mudanças de plano, que, por conta da SA a pessoa tem dificuldade em lidar.

Por Fábio Ramirez, bolsista Pibid, integrante do COEDUC e acadêmico da Faculdade de Educação Física - UFMT

Fontes de pesquisa:
1) Revista Autismo - http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/autismo-e-outros-transtornos-do-espectro-autista
2) ASPA - Associação Portuguesa de Síndrome de Aspergerhttp://www.apsa.org.pt/sa.php

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