segunda-feira, 7 de julho de 2014

Blog "Corpo e Debate", do PIBIDiano Fábio Ramirez, discute o tema Bullying na Educação Física Escolar

Combatendo o 'bullying' na Educação Física escolar




O bullying (do inglês bully, que significa valentão ou autoridade para oprimir) tem sido um dos temas mais discutidos na educação escolar. Apesar de ser um conceito recente, sua prática é antiga. Sempre existiu violência na sociedade e a escola, como célula dessa sociedade, acaba reproduzindo-a. O papel do professor é criar mecanismos para combater essa opressão.

Define-se bullying como mau trato repetitivo e intencional, seja emocional ou físico. Alguns consideram o bullying como mera brincadeira, sem intensão de ofender. No entanto, são coisas diferentes que não podem ter mesmo sentido atribuído: no bullying uns se divertem à custa do outro, já na brincadeira todos se divertem!

Ainda temos o cyber-bullying, a reprodução do bullying escolar na rede de internet. Porém, a origem é quase sempre a escola. Geralmente três agentes constituem o bullying: as vítimas, os agressores e os expectadores.

Na Educação Física a ‘competição sem caráter pedagógico’ pode ser um dos principais motivos geradores do bullying. O contato físico e a intensidade de linguagem corporal podem estimulam estereótipos. O perder e ganhar; o mais forte e mais fraco; o ágil e o lento; o magro e o gordo; etc.

O bullying se apoia na diferença. Então é responsabilidade do professor durante as atividades educacionais debater e refletir sobre essas diferenças, ressaltando que somos humanos e a diferença é uma de nossas características, de todos.

A intervenção do professor é fundamental para combater o preconceito, mas pode também ter efeito contrário quando a aula de Educação Física, por exemplo, é o “rola-bola”, ou seja, aulas sem planejamento e objetivo pedagógico.

Grande parte dos alunos reclama que já sofreram bullying nas aulas de Educação Física. Alguns carregam traumas por toda a vida e deixaram de praticar esporte justamente por conta dos preconceitos.
Ao site Revista Escola a professora de Educação Física Joice Silva relatou as dificuldades que enfrentou ao assumir as aulas no Colégio Estadual Frederico Costa, de Salvador (BA):

"A disciplina já cria a ideia de que só os melhores podem participar. Os próprios alunos começam a selecionar quem eles querem em seu time, tentando encontrar os mais aptos", explica.

Nesse processo de seleção e exclusão começam a surgiu atos de bullying entre os colegas. "Aparecem os apelidos, os termos que eles utilizam para classificar os colegas: menina é lerda, é fraca, vai se machucar; os gordinhos são lentos", comenta a professora.

Diante da situação, Joice resolveu intervir nas regras convencionais dos esportes, junto com os alunos. No basquete, por exemplo, antes de arremessar a bola, eles devem passá-la por, pelo menos, três meninas do grupo. "Querendo ou não, a bola acaba passando por todos. A regra que, na maioria dos casos é para impor limites, acaba por ampliá-los", conclui.

A professora passou também a organizar pequenos debates durante as aulas, questionando os alunos sobre quem é o vencedor e quem é o perdedor, em determinadas situações.

Um equívoco comum é quando detectado um caso de bullying na aula o professor encaminha o aluno agressor à direção da escola, que o aplica uma medida disciplinar. Quando o docente deveria aproveitar a situação para torna-la em momento aprendizagem comum. Intervindo e resolvendo pedagogicamente a situação.

Mas nem sempre é possível perceber a prática do bullying nas aulas. Mas o professor deve dficar atento a indicadores: alunos que faltam muito as aulas de Educação Física; que reclamam sempre de dor de cabeça, cólica...; ou inventam sempre uma desculpa para escapar das aulas.

O bullying é alimentado pela ideologia dominante na sociedade de que sempre tem que existir o mais forte e o mais fraco, gerando preconceito e violência. Apesar de a origem estar fora da escola, é dentro da escola que o bullying se desenvolve impulsionado por fatores também internos, como vimos. Portanto, é na escola também um espaço de combate à sua reprodução. A melhor forma é sem dúvida o planejamento, com aulas com objetivos claros e metodologia para envolver todos em situações iguais de oportunidades, adaptando sempre que necessário.

Fábio Ramirez

* O texto foi inspirado na palestra de defesa de mestrado da professora Cirlei, orientando do professor Dr. Evando Carlos Moreira da FEF-UFMT


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